Criticando - Memórias de uma Gueixa
"Memoirs of a Geisha"
Direção: Rob Marshal
Ano: 2005
Há algum tempo atrás tive a grata surpresa de terminar meu dia, ou melhor, amanhecer um outro, assistindo ao longa Memórias de uma gueixa, exibido de madrugada na TV aberta. E realmente tive uma grande surpresa. O filme é espetacular, me arriscaria até a dizer que chega muito perto daquilo que podemos chamar de perfeição.
O roteiro é impecável. A combinação de ação e romantismo, melancolia e cor, se mostrou absolutamente poderosa. A história começa quando Chiyo ainda é uma criança e vai viver em uma casa de gueixas após ser vendida por seus pais. Lá a menina se depara com um mundo totalmente diferente, um mundo frio e insensível, porém é em meio a esse ambiente que a menina acaba seduzida pela beleza das gueixas, retratadas como artistas. Separada de sua irmã, a garota tenta fugir várias vezes, até que é condenada a deixar de freqüentar a escola e proibida de se tornar uma gueixa no futuro. E é ainda criança, que ela conhece o presidente, a partir de então surge um amor impossível.
Destaque para a gueixa Hatsumomo, interpretada por Gong Li, sua beleza é indescritível, e ainda que ela possa parecer a vilã da história, na realidade, ela é exatamente o que desejamos que Chiyo se torne durante todo o filme: uma rebelde, revoltada contra a cultura que restringiu qualquer possibilidade de felicidade daquelas garotas que querem simplesmente conhecer a vida assim como ela é. E ela se revolta contra aqueles que estão a sua volta, afinal, ela também havia perdido seu grande amor, assim como Chiyo pensar ter perdido o dela.
Enfim, é estranho pensar que um final feliz pode parecer tão triste. Ainda que Sayuri (o nome de gueixa de Chiyo) e o presidente consigam realizar o seu amor, a moça enfrenta uma trajetória dolorosa, se submetendo à regras aparentemente absurdas e incompreensíveis de uma cultura milenar, sem questioná-la externamente, sem demonstrar o grande vazio que sente por dentro. Talvez a vida seja basicamente assim, algumas pessoas nascem para sofrer, e só resta esperar que cada coisa chegue na hora certa. O filme é assim, melancolicamente poderoso, triste e colorido.
A Direção é de Rob Marshall, sendo uma adaptação do best-seller “Memoirs of a Geisha” de Arthur Golden. Premiado com 3 Oscars nas catogorias de direção de arte, fotografia e figurino, ainda foi indicado a outros 3, além de indicações ao Globo de Ouro e ao Bafta.
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Danilo. Apaixonado por cinema. Desde Sempre. Estudante de Cinema e Audiovisual. “A luz produzia sons, a melodia gerava luz, as cores tinham movimento porque eram vivas; e os objetos eram a um tempo sonoros, diáfanos e suficientemente móveis para penetrar-se uns aos outros e percorrer num átimo toda a extensão”.
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