Criticando - Paixão Proibida (Jude)
"Jude"
Direção: Michael Winterbottom
Ano: 1996
Baseado no romance de Thomas Hardy, Paixão Proibida é um daqueles filmes capazes de surpreender a qualquer um, e até fazer qualquer história que já tenhamos vivido parecer incrivelmente medíocre.
A primeira parte do filme é um tanto quanto despretensiosa demais. Apesar da bonita introdução em preto e branco acompanhada por uma perturbadora trilha sonora, nesta primeira parte a história de Jude, rapaz inteligente que se muda para a cidade em busca de um sonho: entrar na prestigiada universidade e se tornar professor, chegou até a me decepcionar. Minha impressão foi de que as cenas e os acontecimentos nelas presentes aconteciam de forma quase que aleatória, sem nenhuma razão ou sentido evidente. O casamento de Jude, o abandono de sua mulher, sua mudança para a cidade. Tudo retratado de forma rude, sem muitos romantismos ou apegos sentimentais. Porém, eu estava enganado.
A primeira das mudanças acontece com a chegada da personagem de Kate Winslet, Sue. A maneira como vamos conhecendo pouco a pouco a personalidade de Sue é fantástica. A moça apresenta uma felicidade imutável, sempre alegre. A cena em que Jude diz a ela que o único obstáculo para o casal seria sua antiga mulher chega até a ser engraçada. É a partir de então que a história de amor entre os dois começa finalmente a nascer.
Como já disse, a maneira rude, sem forma muito definida, com a qual a história vem sendo traçada me pareceu até então incompreensível. Porém à medida que assemelharmos a narrativa do filme com o interior das personagens, toda a história passa a ter um sentido completo, cada coisa se encaixa perfeitamente em seu lugar. É como se o filme não soubesse o que seria dele mesmo, até que seus próprios personagens o saibam e passem a ter certeza de seus próprios sentimentos, acompanhando religiosamente o interior de seu protagonista, Jude, e até que ele se de conta de seu amor e do que realmente importa em sua vida, nós também não percebemos.
Sem dúvida, a mais impactante cena do filme, é o momento da morte dos três filhos do casal. Tudo acontece de forma tão sombria e inesperada, que, eu diria, só é comparável ao próprio Jude. É só então que se pode entender claramente o que estava acontecendo. O casal era discriminado pela sociedade que não os aceitava por já terem sido casados no passado, por serem divorciados. O ambiente se torna sombrio, acentuado pela impertinente maldição da qual a tia de Jude fazia questão de se lembrar, segundo a qual nenhum dos integrantes de sua família seria feliz no amor, além é claro, das maravilhosas paisagens da fria e distante Inglaterra. A fotografia do longa não chega a ser perfeita, mas certamente se torna impossível perceber certos detalhes técnicos diante de tão impressionante história e personagens.
Aliás, destaque para o primeiro marido de Sue, que certamente sofreu tanto quanto o próprio Jude. Diante da tragédia, Sue passa a negar seu amor, passa a pensar que tudo o que os tem acontecido é um castigo de Deus, os dois o teriam contrariado e agora pagavam por seus pecados. A força com que Jude reage diante da insegurança de sua amada também é surpreendente. Assim como prometeu a ela, ele não desiste de continuar nesse amor, ainda que tudo pareça ter sido um erro. Vemos que as personagens foram totalmente mudadas no decorrer da história, mudadas pelo sofrimento, que agora é o único que consta em seus rostos.
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Danilo. Apaixonado por cinema. Desde Sempre. Estudante de Cinema e Audiovisual. “A luz produzia sons, a melodia gerava luz, as cores tinham movimento porque eram vivas; e os objetos eram a um tempo sonoros, diáfanos e suficientemente móveis para penetrar-se uns aos outros e percorrer num átimo toda a extensão”.
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Como a sociedade eh hipocrada.
A melhor interpretação de Kate Winslet!!
O fato interessante do filme, não é apenas o fato deles serem divorciados, mas eles serem primos. Isso perante a igreja católica era abominavel.
Kate Winslet é foda! Tem 3 filmes que ela foi indicada e facilmente deveria ter ganho qualquer premio, mas não levou.
Com certeza a melhor atriz desta geração. Sabe atuar, adaptar e consegue sempre deixar uma essência do personagem mesmo o filme que ela atua seja ruim como o Little Chaos.
O filme é genial...demonstra claramente como era a sociedade na época...porém chorei muito na parte da morte dos filhos...entendi os motivos que culminaram esse momento...mas foi difícil de assistir à partir disso..olha que eu não sou do tipo sentimental...