Criticando - As vantagens de ser invisível
The perks of being a wallflower
Direção: Stephen Chbosky
EUA , 2012
★ ★ ★ ★ ★
Adolescência. Problemas. Amadurecer.Viver. Fácil para alguns e nem tanto para outros. "As vantagens de ser invisível" traz (mais uma vez talvez) a adolescência e suas dificuldades como tema principal. A difícil adaptação, novas amizades, drogas, sexo, traumas da infância, livros e música. Assuntos normais na vida de qualquer jovem. A diferença: o ponto de vista através do qual cada um de nós escolhe ou simplesmente percebe e sente cada momento. E parece ser, justamente na adolescência, quando cada momento representa uma sensação extrema de desconforto ou de felicidade. Aqui, os personagens, por convicção ou por predestinação, sentem e vivem os bons e maus momentos de maneira intensa. Intensa e sensivelmente reveladora. À quem assiste, também lhe cabe a decisão: encará-lo como uma produção a mais a tratar de temas adolescentes tão comuns, ou identificar-se com os lugares e pessoas e perceber a doce e íntima visão de cada uma delas? Eu escolho a segunda opção.
Charlie (Logan Lerman) é um garoto de 15 anos prestes a começar o ensino médio em uma escola tipicamente norte-americana na cidade de Pittsburgh durante os anos 90. Traumatizado pela morte de sua tia e pelo recente suicídio de seu melhor amigo, começar novas amizades ou ter qualquer tipo de relacionamento com outras pessoas se torna seu maior e mais doloroso desafio. Durante a aula de carpintaria, encontra aquele que se tornara um de seus amigos, Patrick (Ezra Miller). Sam (Emma Watson), a garota bonita e descolada pela qual ele logo se apaixona; Mary Elizabeth (Mae Whitman), a garota rebelde que diz ser punk e budista; Alice (Erin Wilhelmi) que pretende estudar cinema em Nova Iorque; Brad (Johnny Simmons) que tem problemas em assumir sua homossexualidade e seu caso com Patrick; e Bill (Paul Rudd), o professor com o qual Charlie logo se identifica, são alguns dos personagens que passam a fazer parte de sua nova vida.
Pouco a pouco, Charlie vai conhecendo cada um de seus novos amigos. Sam, preocupada com seu exame de admissão para a faculdade, Patrick com problemas em sua relação gay com Brad, e Charlie, tendo que lidar com a depressão e problemas psicológicos que tanto o afetaram durante o ensino fundamental, um a um, conseguem juntos, não superar, mas viver na mesma intensidade seus problemas e a bonita relação de amizade que acabara de nascer. A cena em que Sam é admirada por Charlie enquanto tem a sensação de voar na traseira da caminhonete de Patrick ao som de "Heroes" de David Bowie; o primeiro amigo secreto de Natal do qual Charlie participa com seus amigos, e que na mesma noite termina recebendo seu primeiro beijo; ou a divertida sequência do jogo de Verdade ou Desafio, no qual Charlie acaba por confessa seu amor por Sam, arruinando sua relação com Mary Elizabeth, são alguns dos momentos marcantes e mais significativos. Além é claro, da conversa do protagonista com uma médica após uma crise psicológica (já na parte final) através da qual finalmente sabemos a verdadeira razão dos tormentos do garoto. Tal razão (a qual prefiro não mencionar, mantendo tal responsabilidade para o desfecho do filme) pode parecer estranha ou mesmo desnecessária para alguns. Para mim, nem uma coisa nem outra. Ao contrário, a revelação simples contorna de maneira delicada o sentido da história.
Do ponto de vista técnico, o longa é impecável. Começando pelo elenco jovem e brilhante, destaque para Lerman, centrado e convincente, e Miller, que constrói um personagem absurdamente diferente daquele que vimos em "Precisamos falar sobre Kevin" (2011). Baseado no romance de mesmo título, publicado em 1999, a adaptação para as telas ficou por conta do próprio escritor, Stephen Chbosky, assim como a direção do filme, o que sem dúvidas garantiu tamanha riqueza de detalhes e domínio sobre emoções tão íntimas dos personagens, afinal, quem melhor do que o próprio autor para traduzir o livro para o cinema? Quem sai ganhando somos nós. Outro ponto importante é a trilha sonora - realizada por Michael Brook. Rock alternativo dos anos 80 e 90. Músicas românticas, leves, que traduzem perfeitamente bem cada sentimento. A direção de câmeras e de fotografia também surpreende.
Talvez a capacidade de identificação com a história dependa de como está sua vida. Talvez, adolescentes possam senti-la de maneira mais intensa. Talvez, aqueles que passaram pela adolescência nos 90. Ou talvez não. Afinal, todos, ainda que de maneiras diferentes, fomos ou somos adolescentes, certo? Pois então não há desculpas. Você certamente se identificará com o filme, que de certo modo, envolve tantos estigmas que, estou seguro, marcaram e continuam marcando os primeiros vinte anos de nossa vidas, independentemente de nacionalidade, classe social ou a qual geração pertencemos.
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Além das resenhas cinematográficas, pretendo postar também um comentário de forma resumida e direta abordando - segundo a minha opinião - os...
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Danilo. Apaixonado por cinema. Desde Sempre. Estudante de Cinema e Audiovisual. “A luz produzia sons, a melodia gerava luz, as cores tinham movimento porque eram vivas; e os objetos eram a um tempo sonoros, diáfanos e suficientemente móveis para penetrar-se uns aos outros e percorrer num átimo toda a extensão”.
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Olá, eu li o livro e vi o filme, mas ainda sim não consigo entender o que aconteceu de verdade entre Charlie e sua Tia Helen. Sei que ele se culpa pela morte dela, mas também sei que existe algo mais que eu não consegui captar. Teria como me dar uma luz? rs
Camila
ps: meu e-mail é milamatias@hotmail.com caso possa me esclarecer ! Obrigada desde já !
Camila