Criticando - Assim Caminha a Humanidade

"Giant"
Direção: George Stvens
Ano: 1956

Considerado pela revista Times como “A mais legítima declaração contra a intolerância racial já mostrada em uma tela de cinema”, Assim Caminha a Humanidade é tão importante para o cinema, como foi para a sociedade na época. Confesso que inicialmente pensei que se tratasse de um exagero, afinal, qual foi realmente o papel do filme na sociedade? A resposta é simples: se trata de uma declaração de luta ao preconceito, tão presente no sul norte-americano das décadas de 30, 40 e 50. Entretanto, há uma diferença: a visão absolutamente sutil do diretor George Stevens. Com quase três horas e meia de duração, sessenta minutos a mais do planejado, o épico de George Stevens teve sua estréia em 1956 e contava com estrelas como Elizabeth Taylor, Rock Hudson e James Dean como protagonistas.
Leslie (Taylor) é uma jovem americana que conhece Bick Benedict, um dos mais ricos criadores de gado do Texas. Rapidamente os dois se apaixonam, se casam, e Leslie vai para o sul viver com seu marido. Lá, uma nova vida a espera: a irmã rabugenta (mas na verdade caridosa) de Benedict, Luz (Mercedes McCambridge), os empregados, todos imigrantes mexicanos, com execessão de Jett Rink (James Dean), um texano que mantinha a esperança de um dia ainda ter sua própria fazenda.
A essas alturas, já tinha certeza: ela vai se apaixonar pelo empregado... As brigas vão começar... Ela não vai se adaptar e vai voltar para sua cidade... Eu estava errado, exceto pela parte das brigas. Leslie se adapta perfeitamente bem à sufocante paisagem desértica do Texas, assim como aos empregados, passando, inclusive, a tratá-los com carinho, para o espanto de Bick e Luz. Os desentendimentos que surgem entre o casal sempre são superados, aliás, na maioria das vezes, graças a grande calma e inteligência de Leslie.
O casal tem três filhos, um deles resolver se tornar médico (contrariando o pai, que queria um fazendeiro) e se casa com uma imigrante mexicana; a outra filha quer ser fazendeira e ter um pequeno rancho, e se casa com um rapaz da região que mais tarde vai para a guerra; e a mais nova se apaixona por Jett Rink, que se tornou um dos magnatas do petróleo, e construiu uma das maiores indústrias do país. Somente a partir de então, que o preconceito realmente ganha força no longa, e começamos a perceber como cada personagem irá aceitar o preconceito, e o mais importante, como irá combatê-lo.
O grande acerto do filme é, ainda que pareça obvio, as cenas. Todas (ou quase todas) estão bem montadas, o roteiro é muito bem construído, e a fotografia (o que mais gostei) é impressionantemente perfeita, ainda mais se considerarmos que se trata de uma produção dos anos 50. Porém, nenhum desses fatores chega a ser tão marcante como o mais importante deles: a maneira como Stevens, o diretor, narra o filme. O jogo de câmeras é imperceptível, e a forma como os acontecimentos chegam até o espectador, se dá de maneira ao mesmo tempo que imparcial, moderna e estilosa. Em nenhum momento há emoções exageradas, tudo está bem dosado e distribuído pelos 201 minutos de imagens. Entretanto, não se engane. Afinal, assistir à 3 horas e meia de filme, é cansativo, mas nada que um bom cinéfilo não aguente.
Finalmente, o único que me resta dizer... Este é um retrato, feito com maestria e emoldurado pela sempre bela arte do cinema, um retrato preocupado sobre um assunto preocupante. E ainda que não caiba a nós erradicá-lo, nos cabe seguir em frente com pequenas atitudes, afinal, assim caminha a humanidade.


Postado por Lucero Brasil
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