Criticando - Água para Elefantes
"Water for Elephants"
Direção: Francis Lawrence
Ano: 2011
“Água para elefantes” é um filme de altos e baixos. A fotografia é impecável, os cenários são perfeitos, assim como a direção de câmeras. Impossível não sentir pelo menos um prenúncio da magia do circo. Assim sendo, a bomba está na mão dos protagonistas. Longe de ser implicância, mas realmente Robert Pattinson, apesar do esforço, não convence na maioria das cenas. Nem mesmo Reese Whiterspoon é capaz de emocionar. Além disso, os diálogos, nada inteligentes, são extremamente pobres e parecem estar sempre um degrau abaixo do espectador. Tenho a sensação de estar diante de um produto de plástico. O filme é bonito, colorido, cativante, mas na hora de emocionar... Não funciona.
O estudante de veterinária, Jacob Jankowski (Robert Pattinson), após a morte dos pais, se vê obrigado a buscar um emprego onde quer que seja. Por acaso, é levado a um circo onde conhece Marlena (Reese Whiterspoon), encantadora de cavalos e esposa do dono, August (Christoph Waltz), um homem simpático, mas perigoso quando alguém atrapalha seus interesses. Em meio a beleza dos espetáculos, Jankowski se dá conta da brutalidade com a qual são tratados os animais e da paixão que passa a sentir pela jovem que acabara de conhecer.
Francis Lawrence é famoso por dirigir videclips como “Circus”, “Bad Romance” e “Run the world (Girls)” das cantoras Britney Spears, Lady Gaga e Beyoncé. Talvez venha daí sua dificuldade em extrair emoção de suas personagens. Reese Wihterspoon, assim como Halle berry e Gwyneth Paltrow, está na lista das atrizes que após vencerem o Oscar, não participaram de nenhum outro projeto que tenha se destacado com críticas positivas, pelo menos até agora. Em “Aguá para elefantes”, a atriz está longe de conseguir o contrário e se destacar como em 2005 com “Johnny e June”. Apesar de seu encanto e beleza, e sua simpática personagem, a impressão de que tudo é de plástico, assim como o filme em si, é inevitável. Já Robert Pattinson, parece interpretar o mesmo personagem de “Crepúsculo” e “Lembranças”. A direção, em relação aos atores, parece ter sido nula, e como resultado, na maior parte das cenas o protagonista não é capaz de impressionar, ou mostrar a personalidade que faria jus ao herói da história. Christoph Waltz é o único a se salvar de tal inexpressão. O talento do ator é inegável, ainda que o personagem tenha se tornado excessivamente irritante e caricato.
Outro problema, está nos próprios personagens, Marlena e August. Em alguns momentos, Marlena parece ter consciência do perigo que corre ao lado do marido, e do quão o mesmo é violento. Em outros parece gostar dele e até mesmo amá-lo. Com August percebemos o mesmo problema, como na cena em que maltrata Rosie, a elefanta, e logo em seguida diz que o fez por impulso, porque estava desesperado, reconhecendo seu erro. Além disso, a cena em que August finalmente se dá conta da paixão que está começando a surgir entre Jacob e Marlena é ridícula. August chama os dois e diz ter tido uma idéia para uma nova apresentação do circo e pede que eles, entre outras coisas, se abracem. O resultado, uma cena sem sentido ou explicação.
Como parte dos pontos positivos, o filme tem o seu encanto. O circo e a crise de 29 são um atraente pano de fundo para a história romântica, ainda mais quando se conta com cenários e locações convincentes. Os personagens secundários, ainda que sofram do mesmo problema que os protagonistas, são simpáticos e cativantes.
Enfim, um olhar mais atento pode se dar conta do quanto os personagens parecem estar fora de tom em relação à história, e que quando tudo parece estar indo bem e finalmente chega o momento alto de cada cena, a emoção fica de lado e se torna inevitável... Estamos diante uma boa opção de entretenimento. Entretenimento de plástico.
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Danilo. Apaixonado por cinema. Desde Sempre. Estudante de Cinema e Audiovisual. “A luz produzia sons, a melodia gerava luz, as cores tinham movimento porque eram vivas; e os objetos eram a um tempo sonoros, diáfanos e suficientemente móveis para penetrar-se uns aos outros e percorrer num átimo toda a extensão”.
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